Do Brexit a Trump: como o Facebook pode estar se tornando decisivo em eleições

Rede social foi parte integral da estratégia da campanha presidencial americana e do plebiscito sobre a presença britânica na União Europeia, mas críticos dizem que ferramenta não é regulada para uso político.

Do Brexit a Trump: como o Facebook pode estar se tornando decisivo em eleições

Do Brexit a Trump: como o Facebook pode estar se tornando decisivo em eleições

Rede social foi parte integral da estratégia da campanha presidencial americana e do plebiscito sobre a presença britânica na União Europeia, mas críticos dizem que ferramenta não é regulada para uso político.

O Facebook teve grande influência no resultado das eleições presidenciais dos EUA e do referendo do Brexit no Reino Unido (ambos realizados em 2016), segundo seus coordenadores de campanha.

Estrategistas do Partido Republicano, de Donald Trump, e da campanha do "Leave EU" (pela saída do Reino Unido da União Europeia) são claros sobre o peso decisivo da rede social na vitória de ambos.

"Você pode pedir ao Facebook, 'Eu quero focar especificamente em pescadores de uma certa área do Reino Unido, para que eles saibam que se votarem pela saída da UE, eles poderão mudar as regulações estabelecidas para a indústria da pesca'", disse ao programa Panorama, da BBC, Gerry Gunster, estrategista da campanha do "Leave EU".

"E eu posso fazer exatamente a mesma coisa com pessoas que vivem na região das Midlands e que estão sofrendo com o fato de a fábrica local ter fechado. Posso mandar uma mensagem específica para eles através do Facebook e ninguém mais a vê", acrescenta.

Diretor de publicidade do Partido Republicado, Gary Coby concorda que o Facebook foi essencial na vitória de Trump. Ele conta que seu partido usou dados sobre potenciais eleitores para tentar convencê-los através da mídia social, e acrescenta:

"Se você está no Facebook, eu posso chegar até você e colocá-lo num grupo de usuários no qual eu pretendo focar".

Coby confirmou que a campanha oficial de Trump gastou cerca de US$ 70 milhões com o Facebook durante a eleição. "A forma como compramos espaço de mídia no Facebook é diferente de tudo o que já fizemos na política", afirma.

Assessoria

Além disso, o Facebook teve equipes trabalhando diretamente com as campanhas de Democratas e Republicanos, nos EUA.

Simon Milner, diretor de política do Reino Unido no Facebook, confirmou que profissionais da rede social trabalharam com as duas campanhas, sem especificar quantas pessoas foram alocadas para as tarefas.

"Estamos totalmente disponíveis para ajudar as pessoas a usar os produtos do Facebook. Temos profissionais cujo trabalho é ajudar políticos e governos a fazer bom uso do Facebook", afirmou.

"Não posso dar o número exato de quantas pessoas trabalharam nas campanhas, mas posso dizer que isto ocorreu de acordo com a demanda deles, ou seja, isto foi definido pelas próprias campanhas".

Espera-se que o Facebook também tenha um papel importante nas eleições britânicas, em 8 de junho. Um quarto da população mundial usa o Facebook, incluindo 32 milhões de pessoas no Reino Unido - quase metade da população do país.

Muitos acessam o Facebook para manter contato com família e amigos, e desconhecem o fato de que a rede se tornou uma importante ferramenta política. Por exemplo, os vídeos que aparecem nas páginas dessas pessoas podem ter sido promovidos por partidos políticos e candidatos.

O grupo de extrema-direita Britain First explicou que pagou o Facebook para promover seus vídeos. Agora, o partido tem mais de 1,6 milhão de seguidores.

O parlamentar britânico Damian Collins cobra que o Facebook seja mais responsável: "Historicamente, foram criadas regras bastante rígidas sobre como a informação é apresentada, as emissoras trabalham sob um código rígido em questões de parcialidade, e há restrições no uso de publicidade".

"Mas enquanto o Facebook é visto como uma mídia cada vez mais importante no período das eleições, ela é totalmente desregulada", completa. Enquanto isto, o Facebook diz estar comprometido em auxiliar o envolvimento cívico e a participação eleitoral, e que contribuiu para que dois milhões de pessoas se registrassem para votar nas eleições presidenciais americanas.

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